A noite quando cai nunca é a mesma - I (série Atlântica)

Cartografia poética desenvolvida através da experiência de caminhadas pela Mata Atlântica. Parto de uma única fotografia para a realização de desenhos em nanquim, lápis e fogo sobre papel, articulando a ideia de que desenhar e escrever é caminhar com as mãos e o pensamento.  O políptico é composto de 26 imagens e dois textos em tamanho A4. Os desenhos são digitalizados com novas camadas e interferências e recortados, de forma digital ou no papel, em um processo sucessivo de mutação que mistura tecnologias de diferentes tempos. Cópias e impressões confundem-se a originais alterados.

A vida pulsa em produções e reproduções, na diferenciação e na transformação, em uma delicada dinâmica entre o que é gerado e o que é destruído, até o limiar do desaparecimento.

Os textos traçam ficções experimentadas e reflexões processuais, incitando ao pensamento de uma ambiência que é também sonora. Um fone abafador de ruídos completa a instalação, referindo-se às polimórficas relações entre silêncio, ruído, escuta e imaginação auditiva.

"Nada mais frágil que a vida. Esse clichê só nos lembra, por ordem de uma palavra banal, a ficção que exige da cultura a vontade de fixar. A impossibilidade de estancar o tempo que passa não é senão a condição da cultura. [...] Ao contrário da ideia de Natureza como repetição, a vida é diferenciação. É assim que Leandra Lambert articula signos sensíveis variados da mata que nomeia sua série, fazendo pulsar as transformações em cada uma das imagens de A noite quando cai nunca é a mesma - I (série Atlântica)." (Luiz Cláudio da Costa)

Além das paredes da cidade, o tempo e os homens ainda permitem a floresta. Caminho seus sons, toco sua vida, colho imagens, perco as palavras. Pertenço à terra no meu corpo. Muda, escuto: em que momento a noite cai em signos sobre a mata? Até quando?

A noite quando cai nunca é a mesma - I (série Atlântica) Leandra Lambert - 2011-2012.

fotografia em filme p&b, desenho, texto e composição sonora (a imaginar)

dimensões: aproximadamente 1,70m x 1,40 m.

O trabalho surgiu como parte de uma grande série iniciada em 2009, "Atlântica", que articula experiências de arte-vida nos espaços da Mata Atlântica, da Avenida Atlântica e do Oceano Atlântico.

Exposição Paisagem e Extremos na Galeria Candido Portinari, junho de 2012.

 

Fotos nesta página: Victor Dias.